As Regras da Senda
(Regras do Caminho)
-A
Senda é trilhada em plena luz do dia. Nada pode ser escondido, e a cada volta,
o viajante deve confrontar-se consigo
mesmo. Conforme avança, leva consigo uma parte do guardião do umbral planetário.
Quando um Iniciado se torna um Adepto ele leva ao Adeptado uma porção da
Humanidade. Isso precisa ser meditado pelo Aspirante desenvolvido, pois o comum
não pode encetar tamanho esforço. Seu guardião pessoal ainda está por deveras
ativo. Quem pensa no caminho como uma realização pessoal ainda está cativo do
guardião e, portanto, não pode contemplar a cadeia do infinito. Assim, somente
o coração esquecido de si mesmo consegue chegar até Nós e ser acolhido como um
canal para escoar o Fogo da Hierarquia. Mas ele escoa o Fogo do Coração do
Mundo na proporção em que escoa a dor do mundo. O Buda ensinou isto. Poucos, de
fato, o compreenderam.
-No
Caminho o escondido é revelado. Cada um vê e sabe da vileza de cada outro (Não
posso encontrar nenhuma outra palavra que designa a estupidez não revelada, a
baixeza e ignorância crassa, e o auto-interesse que são as características
distintivas do aspirante comum). E, no entanto, com aquela grande revelação,
não há retorno, não há rejeição de uns aos outros e não há debilidade na
Senda. A Senda segue em direção ao dia. Vê a vileza do outro para despertar a
máxima compreensão, esse bálsamo do coração, pois na medida em que vejo a
vileza do outro, também estou visível a quem me estende a mão um degrau acima.
-Ninguém
percorre o Caminho sozinho. Não existe afobação nem pressa. E, no entanto, não
há tempo a perder. Cada Peregrino, sabendo disso, força seus passos para frente
e se encontra rodeado por seus companheiros. Alguns caminham à frente: ele
segue. Alguns caminham atrás: ele estabelece o ritmo. Ele não viaja sozinho. A sensação de solidão é uma miragem a ser
superada, ainda que estar sozinho possa inicialmente ser uma condição desejável
quando as forças da Alma são transferidas para a personalidade. A ebulição dos
fogos sutis pede reclusão e reserva.
-Três
coisas o Peregrino deve observar:
Usar um capuz, a máscara que encobre seu rosto
dos outros; levar um cântaro com água somente para suas próprias necessidades;
carregar nos ombros um cajado sem um gancho para segurar.
-Cada Peregrino na Senda
deve carregar consigo aquilo que ele precisa: um braseiro, para aquecer seus
companheiros; uma lanterna, para iluminar seu coração e mostrar aos seus
companheiros a natureza de sua vida velada; uma bolsa com ouro, que ele não
espalha na Estrada, mas divide com os outros; um vaso lacrado, onde ele leva
todas as suas aspirações, para depositar ante os pés Daquele Que aguarda para
recebê-lo no portão - um vaso lacrado.
-O
Peregrino, à medida que percorre o Caminho, deve ter o ouvido aberto, a mão
generosa, a língua silenciosa, o coração purificado, a voz suave, o passo
rápido e o olho aberto para ver a Luz. Ele sabe que não viaja sozinho.
Texto adaptado do Livro Miragem: um problema mundial, de Alice A. Bailey